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Perfis e Bancadas

Perfis e Bancadas

Há algum tempo, no inicio dos cultivos sem solo na falta de produtos apropriados utilizavam-se alternativas improvisadas que eram basicamente telhas de amianto ou tubos de esgoto para os canais de cultivo. Sendo improvisacoes, ambas as formas apresentavam varios problemas: a telha tinha que ser revestida por plastico para evitar a contaminacao por amianto e era necessário a construção de cavaletes muito fortes devido ao peso. Tinha-se que colocar brita ou lonas para segurar as plantas, levando a um cultivo dificil e trabalhoso, tanto na implementação como no manuseamento. Além disso a telha não proporciona uma boa ventilação e aquece muito nas épocas de calor. A brita também podia influenciar na soluçao nutritiva.

Por outro lado os tubos de esgotos, sendo fabricados para esta finalidade nao sao recomendados por possuirem contaminantes de metais pesados que devem ser evitados a todo custo. As paredes brancas e finas permitem a passagem de luz o que ocasiona mais acumulação de algas no sistema. Em ambos os casos havia total inexistencia de acessorios adequados. 

Hoje em dia, em função do progresso tecnológico foram desenvolvidos perfis hidropónicos, fabricados em polipropileno, totalmente atóxico, leves, laváveis, com todos os acessórios necessários para uma instalação fácil rápida e duradoura.

Para a montagem das bancadas, começou-se a ter cuidados específicos, os quais:

Os perfis pequenos para bercario, no caso de alface tem os furos distanciados de centro a centro de 10 cm e entre perfis de 2 cm. Outras variedades terao outras medidas, conforme o tamanho;

A altura media das bancadas deve ser cerca 0,80/1,0m, para melhorar a ergonomia;

Os perfis pequenos devem ser apoiados em cavaletes com distância máxima de 1m enquanto que os perfis médios e grandes têm os cavaletes separados por uma distância máxima de 1,5m;

Os perfis médios para alface tem em geral 25 cm de espaçamento e 13 cm entre perfis, variando para outras variedades;

Os grandes para frutos tem espaçamento de 50 cm , 30 entre perfis em bancadas duplas e corredores de 0,7m a 1m, no caso do tomate, por exemplo;

Para outras culturas adotam-se espaçamentos diferentes de acordo com cada planta;

As bancadas sao instaladas com um declive que permite o escoamento da solução numa faixa preferencialmente de 5% a 8%, podendo ser maior em alguns casos;

A largura não deve exceder os 2 m para permitir o acesso ao meio da bancada;

O comprimento depende em principio do tamanho da estufa, mas não deve ultrapassar os 15m;

Em cada bancada deve ser colocado um registro para controle da vazão e a entrada pela parte central da bancada para melhor distribuição do fluxo;

Os corredores são, em geral estreitos para aproveitar espaço dentro da estufa, mas suficientes para a circulação com caixas; no minimo com 0,50m;

O layout com uma bancada central de berçario, ladeada por duas bancadas de crescimento final, permite uma facilidade no transplante, melhorando a eficiencia, eliminando a necessidade de circular com as mudas na epoca de troca de perfil;

O uso adequado dos acessórios permite uma maior eficiencia em todo o equipamento uma vez que eliminam vazamentos, deslocamentos do perfil, impedem a entrada de luz, que associada à solução nutritiva propicia ao crescimento de algas.

Uma vez executada a implementação do projeto vamos proceder à produção em si.

Antes de iniciar o processo é de extrema importancia ter a noção que só uma analise de potabilidade como também uma análise quimica da agua, já que este é o item mais importante nesta técnica. A qualidade da agua vai determinar o manuseamento adequado nas tarefas diarias e na confecçao da soluçao nutritiva.

Com esta informação devemos levar em conta uma grande gama de detalhes com os quais o hidroponista lida diariamente:

Monitorização da soluçao, temperatura, pH, condutividade, nível do reservatorio.

Diariamente completamos a agua até o nível original do reservatório e fazemos a medição da Condutividade Eletrica – CE ( cuja humidade de medida é em mili Siemens ou MS)para determinar o nivel de consumo dos nutrientes, do pH e temperatura para acompanhamento. Para completar o nivel, desligamos a bomba e esperamos que todo liquido volte ao reservatorio.

Partindo da medida original, a cada 0,3 mS, fazemos a reposição dos nutrientes na mesma proporção, ou seja, se a medida inicial foi de 1,7mS, teriamos que colocar 17,6% do original, para elevar a CE ao nivel original.

Caso seja necessário fazer o ajuste do pH, utilizando acido fosforico para baixar ou cal para elevar. Na maioria das vezes é melhor fazer uma troca completa quando há um desvio muito grande ou muito constante.

A temperatura indicará se é necessário tomar providências para manté-la nos niveis aceitaveis.
Limpeza e higiene do equipamento e ambiente

Trabalho diario de verificação. Vazamentos criam pontos com algas e acumulação de bactérias.

A cada colheita fazemos uma limpeza simples no equipamento.

A cada colheita é recomendável fazer uma higienização com água clorada a 1% ou dioxido de cloro.

Atenção a possíveis infestações, a rapidez no tratamento é fundamental.

Quanto mais cedo se detecta e se trata, menos tempo perdido e menos prejuizo. Muitas vezes é suficiente a retirada de algumas plantas infectadas. Nenhuma infestação se dá em toda parte ao mesmo tempo, portanto o cuidado na observação diária é determinante.

Observar possíveis entupimentos.

A rapidez aqui é critica pois pode significar perda de produção e de dinheiro, além de proporcionar a formação de algas. O entupimento pode significar a perda de toda uma linha de produção.

Formação da mão-de-obra. Implementar nos funcionários o conceito de qualidade.

Um bom funcionario levará meses até estar bem treinado e deve ser acompanhado de perto durante este periodo. É importante passar o conceito de qualidade já que nao se trata do mesmo produto do produto de solo.

Apresentação do produto, embalagem, etc.

Os produtos hidropónicos são embalados individualmente embalagens que trazem informações sobre o produtor e assim transmitem mais confiança ao consumidor final.

O cuidado no ponto-de-venda gera mais confiança e fidelizacao do cliente. Cuidado com a qualidade dos consumiveis; nutrientes, substrato, sementes, etc.
A economia na qualidade de consumiveis fatalmente resultará numa perda de venda, quer seja por perda de produção ou por obter um produto de qualidade inferior. Só se obtém qualidade trabalhando com qualidade. Produtos de qualidade inferior nunca produzirão produtos de qualidade...

Pesquisa de novos materiais e cultivos, etc.

Como foi dito anteriormente a hidroponia é uma atividade muito dinâmica e diariamente surgem novos conceitos, variedades, produtos e equipamentos. Aquele que nao se moderniza tambem não otimiza o seu lucro.

A presença em seminários, encontros e feiras e a leitura e pesquisas na internet são fundamentais

Alternativas para quedas de energia.

Sendo uma tecnica essencialmente dependente de energia, é vital a viabilização de alternativas para os momentos de falta de energia ou mesmo uma quebra da bomba. Estas alternativas vão desde uma alimentação manual, bombas a gasolina ou diesel até geradores. É importante ter sempre uma bomba de reserva para resolver o problema na hora, quando o problema for apenas a bomba.. A análise custo–benefício dirá qual a maneira mais viável.

Acompanhamento junto a clientes.

Verificar com frequência a satisfação dos clientes, detectando novas necessidades e oportunidades, promoções, etc. Procurar a diversificação de clientes, visando solidificar as vendas e preparar as expansoes.

Acompanhar a disposição do produto nos pontos-de-venda, pois um produto bem arrumado gera mais confiança. 

Da mesma maneira como qualquer indústria alimentar faz, o produtor hidropónico é hoje um empresário que utiliza tecnologia de ponta e tem os olhos voltados ao futuro, e quanto mais assumir esta postura maior será o seu sucesso. O mercado está voltado a tecnologias que tragam qualidade e beneficios à saude.

O cultivo no sistema NFT é feito geralmente em tres fases, que são : a formação da sementeira, etapas de pré-crescimento e a colheita final. 

Esta separação visa obter a maior eficiencia possivel no cultivo, trabalhando os espaços. Desta forma conseguimos uma produtividade cerca de 30% maior em àrea que o cultivo tradicional no solo. Isto nao é dificil de perceber : ao se plantar no solo, a muda é colocada no espaçamento que vai necessitar no final do crescimento, sem opção uma vez que plantada no solo não se pode remover pois afetaria o sistema radicular.

No entanto, na hidroponia, como a planta não esté enraizada, é possivel trabalhar-se melhor os espaços pois adotamos a fase de pré-crescimento com espaçamento menor e apenas no final do ciclo é que transplantamos as mudas para utilizarmos o espaçamento maior. Desta maneira ganha-se no agrupamento por metro quadrado e consequentemente na produtividade em relação ao solo.

O produtor pode utilizar mudas já feitas e que são vendidas por produtores de mudas, desde que tenha um fornecedor confiável. porém com a facilidade atual de se criar as próprias, o custo é bem menor e o fornecimento melhor controlado.

A utilização de sementes de qualidade é fundamental para a obtenção de boas hortaliças. Uma economia na compra de sementes pode também significar uma economia de qualidade final e consequente menor preço de mercado. 

Bons cultivos ;)

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