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Hidroponia orgânica na Patagónia

Hidroponia orgânica na Patagónia

Uma horta de cultivo sem solo abastece de alimentos hidropónicos os restaurantes de San Carlos de Bariloche, município situado na Província de Rio Negro, na Argentina, um dos destinos preferidos dos turistas que querem praticar esqui ou rafting. A experiência, única no país, conta com 4,5 mil plantas de diferentes variedades.

A horta hidropónica chama-se HidroFlora e é gerida por Silvina Beltrán e pelo engenheiro de sistemas de informação Diego Mingorance. Até cinco anos atrás, Silvina trabalhava no governo, mas decidiu mudar de vida e dedicar-se ao projeto de cultivar produtos hidropónicos.

Ela começou a ir buscar informação sobre cultivo sem solo na internet e, junto com o marido, começou a semear na sua casa, localizada às margens do lago Moreno, no bairro casa da Pedra, a 13 quilómetros do Centro de Bariloche. A Hidroponia significou a solução ideal em função do clima rigoroso, que não permitia o cultivo convencional. No verão, a região tem temperaturas até 35ºC, mas no inverno o termómetro chega a marcar -10ºC. 

Silvina salienta que, através da solução nutritiva, as plantas recebem todos os nutrientes que precisam para o seu desenvolvimento. “É como dar uma alimentação equilibrada. Desta forma, você não tem as doenças que ocorrem no cultivo convencional, no solo. É mais fácil ser orgânico em Hidroponia do que em terra. E as plantas crescem 60% mais rápido”, destaca.

A horta hidropónica tem 4,5 mil plantas. Somente de tomates, eles cultivam as cinco variedades – cherry, pêra, amarelo, azul e violeta. O projeto do viveiro foi dinamizado por Mingorance, que trabalha na INVAP e criou a estufa hidropónica numa área de 68 metros quadrados. O resultado teve tanto sucesso que o produtor hidropónico tem recebido consultas de todo o país. Inclusive foi chamado pela Base Marambio, na Antártida, para assessoria na hidroponia que funciona no local.

Eles começaram a pesquisar sobre os diferentes tipos de sistema e optou pelo Nutrient Film Teqhnique (NFT) ou técnica do fluxo laminar de nutrientes, que permite que a água recircule. Eles usam um sistema de tubo de PVC onde as plantas ficam soltas. Mas também adotam outro sistema de cultivo no qual as raízes são suportadas por substrato. “Usamos turfa e perlite para segurar a planta e ambos têm uma elevada capacidade de retenção de água. Irrigamos e, quando a planta necessita de água, ela simplesmente bebe”, diz.

O clima patagónico não influencia no funcionamento da instalação hidropónica, que conta com dois climatizadores de 9 mil BTUs que não têm saída para o exterior, já que o monóxido de carbono ajuda no crescimento das plantas. “As plantas precisam apenas de oito horas de luz por dia. Se recebem mais ficam em stress e param de crescer”, explica Silvina.

Além de frutas e hortaliças, os dois cultivam ervas medicinais e flores gourmet. Há tempos, eles conseguiram produzir um repolho da Noruega com alto índice de cálcio que é usado por um médico da cidade. “Há outras experiências de Hidroponia no país, mas há pessoas, por exemplo, que se dedicam apenas para a alface americana e manjericão. A grande variedade é o que nos torna únicos no país”, destaca Silvina.

A produção da HidroFlora pode ser consumida no restaurante que o casal tem em Bariloche, mas também serve um seleto grupo de restaurantes e hotéis que estão interessados na proposta orgânica. “Nós não vendemos a grandes redes. É uma decisão pessoal. Gosto de conhecer os chefs, perguntar-lhes o que eles querem fazer e sugerir cultivos. Eles sempre nos pedem cultivos com folhas baby”, conta.  “A horta hidropónica é um exemplo de que é possível produzir um grande volume de alimentos orgânicos num pequeno espaço”, conclui.  

Bons cultivos ;)

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