Hidroponia a bordo de um barco
A auto-suficiência é uma meta de muitos navegadores que exploram os oceanos do mundo, que querem criar a sua própria água e energia. Com espaço limitado e os desafios óbvios da água, sal, vento e movimento, muitos nunca teriam a ideia de cultivar os seus próprios produtos. No entanto, pode ser possível: marinheiros que são agricultores de sucesso que nos ensinam sobre as possibilidades de cultivo de ervas e vegetais frescos num iate.
O escorbuto, a doença que historicamente perseguiu os marinheiros, é causada pela falta de vitamina C, tradicionalmente associada a longas viagens no mar, sem frutas ou vegetais. Felizmente, o escorbuto não é algo com que a maioria dos marinheiros precisa de se preocupar atualmente, no entanto, as verduras frescas ainda duram apenas alguns dias na maioria dos frigoríficos dos barcos.
Mas com uma horta a bordo, por menor que esta seja, uma massa com manjericão fresco ou uma salada de frango não limita mais a provisões compradas quando está na costa. Muitas ervas também são conhecidas por terem benefícios à saúde, sendo ricas em vitaminas e propriedades anti-inflamatórias.
Com planos de cruzar o Oceano Pacífico, o marilheiro de longa data Rick Moore e a sua esposa, Maddie, uma chef, decidiram que uma horta a bordo era uma necessidade para o seu Jeanneau 52 sofisticado Lady.
“Os últimos tempos destacaram a importância da autossuficiência num iate, não apenas em termos de energia e água, mas em todas as formas: energia, alimentação e saúde”, explica Rick. “A escolha de começar a construir uma pequena horta orgânica pareceu, para nós, a decisão mais sensata para o nosso barco.”
Como iniciar?
Cultivar alimentos num barco exige algum planeamento e dedicação, com desafios que são exclusivos da vida à tona. “Nos estágios iniciais, as mudas precisam de ser protegidas o máximo possível da água do mar. Por isso, procuramos cultivar plantas que amam a sombra, como oregãos, cebolinha, tomate, pimenta e menta, sob o dodger, onde estarão protegidos das intempéries, dos pingos do mar e com menos exposição ao sol ”, explica Moore.
A sua localização também determinará o que irá prosperar e o que irá sobreviver, e isso requer um pouco de tentativa / erro. Viver num barco requer paciência, e jardinar num barco não é diferente; leva tempo. No entanto, de acordo com Moore, a sua dedicação fará com que colha os frutos em poucos meses.
Ele recomenda começar com mudas baratas do mercado local ou sementes do supermercado. “Eles são baratos e perfeitos para começar a experiência. Pode até cultivar as sementes em embalagens e transplantá-las assim que germinarem ”, acrescentou.
“Usar vasos retangulares com centro de gravidade baixo e menos substrato do que normalmente faria com que o vaso tivesse menos probabilidade de tombar e criar menos sujidade. Considere também a escolha de plantas que gostam de dividir um vaso, como tomilho, orégão e alecrim, que preferem solo bem drenado, ou hortelã, coentro e erva-cidreira, que preferem mais humidade. Desta forma, irá maximizar p seu espaço e aumentar a variedade. ”
Muitas vezes, as caixas de cultivo retangulares longas são ideais, especialmente se encaixadas perfeitamente sob o dodger. Embora algumas plantas precisem de solo bem drenado, Moore tende a usar vasos que não tenham buracos no fundo ou encher com fibra descartável, simplesmente porque discos de água lamacenta num barco em movimento não é algo muito favorável.
Se as suas plantas receberem pingos de água do mar, enxaguar com um borrifador de água doce pode ajudar a rejuvenescê-las após uma longa passagem. Também é importante treinar as suas plantas, o que significa cortá-las para estimular um padrão de crescimento mais baixo, porém mais amplo. Plantas altas e pesadas terão menos probabilidade de permanecer em pé.
Claro, as maiores dificuldades surgem quando decide velejar, especialmente se tiver num monocasco num ângulo de 45 °. “Uma solução que encontramos é embrulhar os potes em papel alumínio, deixando apenas as plantas expostas. Isso não apenas contém o solo, mas também contém humidade e evita que o solo seque ”, disse Moore.
“Outra opção é guardar os potes em caixotes de madeira que podem ser guardados em algum lugar seguro. Quando encontra uma tempestade inesperada ou mar agitado, a última coisa com a qual precisa de lidar é um barco coberto de solo ”, acrescentou. Outras soluções para proteger as suas plantas durante o trajeto incluem cordas elásticas ou velcro resistente, dependendo do tamanho do vaso.
Alimentar e regar
Todas as plantas de Rick e Maddie são fertilizadas com um composto caseiro, criado com resíduos orgânicos de restos de comida, como cascas de vegetais, restos de café e chá, cascas de ovo e podas. Eles também tratam da sua horta com inseticidas naturais, para não contaminar os seus alimentos com produtos químicos.
O sistema de irrigação é fornecido diretamente da água do mar, dessalinizada a bordo. Embora a água do watermaker geralmente seja boa para usar, é recomendável que teste com um pequeno kit de pH (semelhante ao usado para testar piscinas) para garantir a acidez certa para as suas plantas.
Isso pode significar adicionar uma pequena dose de vinagre branco para equilibrar a acidez. Outra opção é coletar a água da chuva, o que geralmente é fácil de fazer capturando o escoamento de áreas como o bimini e os painéis solares.
Se estiver numq área remota e comprar substrato no supermercado não for uma opção, muitas vezes pode pedir aos locais um solo rico dos seus jardins. A maioria das pessoas ficará feliz em dar, mas lembre-se de que não quer introduzir uma população de novas criaturas no seu barco. Se possível, uma solução é congelar o substrato por alguns dias para matar todos os insetos.
Jardinar num barco pode ser um hobby agradável, desafiador, mas recompensador. De acordo com Moore, as plantas mais simples e rápidas de cultivar são o manjericão, o orégão e a pimenta malagueta. Mas ele também cultiva vários arbustos floridos e plantas tropicais, bem como aloe vera, que pode ser usado para tratar queimaduras solares e picadas de insetos.
“Gosto muito das minhas plantas, tanto que costumo dar nomes a elas. Eles adicionam uma sensação de calma à nossa casa, são esteticamente agradáveis e purificam o ar. Eles também me dão um senso de propósito e, depois de viajarem comigo por muitos anos, sinto que eles se tornam parte da família ”.
Hidroponia a bordo
Kyle Brereton e Hayley Cook vivem num catamarã construído na Austrália chamado Chasing Eden. Além de cultivar suculentas e plantas tropicais a bordo, eles montaram uma horta hidropónica sob os turcos do seu barco.
“O que nos levou ao sistema hidropónico foi que ele era leve, limpo e tinha uma colheita muito mais rápida. Para a vida num barco, tudo precisa de ser muito adaptável e produtivo ”, explica Brereton. “Inicialmente, tentamos cultivar em vasos com terra, mas acabamos com plantinhas pequeninas e enrugadas que ocuparam todo o espaço do convés traseiro.”
O casal experimentou um sistema hidropónico e descobriu que era fácil fornecer os nutrientes adequados direto para a planta, permitindo que crescessem saudáveis e fortes muito mais rápido.
Um dos problemas foi a polinização. “Percebemos que não havia muitas abelhas interessadas em visitar o nosso barco no meio do oceano”, lembra Cook. Os websites de jardinagem oferecem dicas sobre como autopolinizar as suas plantas com um pincel pequeno.
Sally McAdam, da Clearwater Cruising, também tem um sistema hidropónico no seu barco. “Estamos a usar nutrientes hidropónicos para cultivar manjericão, couve, couve chinesa e cebolinho. Isso aconteceu porque era muito difícil encontrar um bom solo de cultivo para vasos (no nosso caso, cocos) em bancos de areia e em comunidades insulares."
“Nós fizemos jardins suspensos com garrafas de plástico que balançam com nossos movimentos. Eles estão pendurados nos turcos, mas quando grandes tempestades colocamos na parte de baixo. ”
Bons cultivos ;)
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