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Doenças na solução nutritiva - O que fazer?

Doenças na solução nutritiva - O que fazer?

Apesar de oferecer vantagens como a antecipação do ciclo das culturas, o cultivo hidropónico exige cuidados especiais quanto à sanidade das plantas.

A elevada densidade e uniformidade genética de plantas, a libertação de exsudatos pelas raízes, substâncias atrativas dos patógenos, a baixa diversidade biológica e a circulação da solução nutritiva no sistema favorecem a dispersão de patógenos e o desenvolvimento de epidemias, sendo a frequência com que as doenças aparecem proporcional ao tempo de uso e das práticas de manuseamento do sistema.

Destaca-se que a principal medida de controlo de doenças na solução nutritiva é a preventiva. Antes de tudo, é preciso considerar que os sistemas funcionam de maneiras distintas, e que a combinação sistema x época x variedade da planta tem as suas características próprias e cada um deve ser planeado e manuseado diferentemente, levando em consideração fatores, como:

  • A estrutura da estufa (tipo, localização, posição, tipo de plástico usado, filtros e os outros materiais e equipamentos utilizados);
  • As variedades utilizadas (devem ser adequadas para cada época de cultivo, para evitar stresses),
  • Preparação da solução nutritiva (plantas, variedades produzidas em climas distintos apresentam necessidades nutricionais também diferentes);
  • As fontes de nutrientes (composição, solubilização e compatibilidade);
  • O tipo de substrato (fibra de coco, substrato orgânico).

Um cuidado importante a ser considerado é a identificação da causa de perdas produtivas, pois a ação de outros fatores como os efeitos causados por sucessivos stresses causados por desiquilibrio nutricional e temperatura, cultivo adensado e humidade do ar elevadas são comuns em hidroponia e são normalmente denominados distúrbios fisiológicos, que podem ser confundidos com as doenças causadas por microrganismos.

A água usada na preparação da solução nutritiva contaminada tem potencial para a distribuição de propágulos dos patógenos na solução circulante e pode contaminar todas as plantas. Portanto, a água deve ser de boa qualidade, tanto química como física e biologicamente. De preferência, deve ser retirada de poços artesianos ou ser filtrada e/ou tratada antes de entrar no sistema.

É essencial também que a água seja armazenada em caixas limpas e sanitizadas regularmente, ou sanitizadas com Peróxido de Hidrogênio, na concentração de 200 ppm, na dose de 5 ml/m3, diariamente. Além desta, pode-se utilizar ozono e/ou luz ultravioleta para esterilizar a água utilizada na solução de hidroponia.

As ferramentas, equipamentos, caixas de colheita devem ser desinfestados com solução de hipoclorito de sódio, a 20% ou outros desinfetantes cada vez que plantas suspeitas de infecção tenham sido tocadas (ácido peracético, por exemplo).

Embora devam ser evitadas, as pulverizações com fungicidas especificados para cada doença podem ser usados, com os cuidados que a aplicação destas soluções requer, principalmente em ambientes fechados. Além do mais, o interior da estrutura e os arredores devem ser mantidos limpos e o ambiente deve ser mantido fechado, pois alguns patógenos de hortaliças sobrevivem e multiplicam-se em plantas daninhas.

De preferência o solo no interior da estrutura deve ser coberto por brita ou acimentado a fim de evitar a contaminação das bancadas com algum patógeno de solo.

Específicamente, um dos fungos chaves mais comumente encontrados em sistema hidropónico NFT é o Pythium sp., que causa morte de raízes e, como consequência, perdas de produção. A sua transmissão ocorre, principalmente, através das sementes, mudas, substrato, ferramentas, equipamentos e água. Por isso, é fundamental a utilização de sementes de boa qualidade na produção de mudas. Assim, as mudas devem ser adquiridas em viveiros confiáveis que garantam a sanidade, com a utilização de substratos inertes.

Ao perceber que o sistema hidropónico está contaminado por Pythium sp. (por exemplo) que é um patógeno que encontra ambiente altamente favorável em água livre, o sistema deve passar por uma rigorosa monitorização e controlo, tais como: o controlo da temperatura da solução nutritiva.

Por outro lado, e de forma resumida, cabe ao produtor a adoção de uma série de medidas importantes, tais como:

  • Manter toda a instalação limpa;
  • Controlar a temperatura da solução nutritiva (20 a 25ºC);
  • Retirar imediatamente as plantas contaminadas;
  • Realizar a desinfecção dos reservatórios e tubulações periodicamente;
  • Utilizar mudas e sementes sadias;
  • Treinar os funcionários quanto à limpeza das mãos, ferramentas e movimentação de materiais e equipamentos de uma estufa para outra;
  • Identificar o que pode ser melhorado nas estruturas, no manuseamento e na solução nutritiva;
  • Registrar a época de ocorrência da contaminação para se prevenir nos próximos ciclos;
  • Evitar que as condições de cultivo fiquem ótimas para o desenvolvimento do patógeno e ao mesmo tempo adequadas para a cultura, assim como utilizar água de boa qualidade;
  • Fazer uso de variedades resistentes e evitar uso de variedades tolerantes, pois, embora permitam uma produção pela cultura, aumentam a quantidade da doença, o que pode ser um problema nos cultivos seguintes;
  • Adquirir substratos isentos de patógenos e realizar tratamento térmico ou químico do substrato
  • Evitar ou controlar a entrada de pessoas externas na estufa.

Desta forma, esperamos que este contéudo informativo venha a contribuir com a excelência da sua produção!

Bons cultivos ;)

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