Blog

Controlo biológico em Hidroponia: uma realidade promissora

Controlo biológico em Hidroponia: uma realidade promissora

Atualmente a população Portuguesa interessa-se cada vez mais em aplicar um regime de alimentação saudável, a partir de produtos isentos de químicos e pesticidas. Esta é uma realidade que exige do produtor hidropónico a procura por informações que consigam dar conhecimento na sua produção em função da adoção de produtos biológicos, que pode ser parcial quanto total no cultivo de hortaliças em hidroponia. Assim, este artigo pretende elucidar alguns pontos quanto à adoção deste tipo de manusamento, conhecido como MIP e MID, ou seja, manuseamento integrado de pragas e doenças, respectivamente. Entretanto, por se tratar de um assunto extenso, este artigo não tem a pretensão de esgotar este tema, que é amplo pela sua própria diversidade.

O primeiro ponto relevante é a necessidade, por parte do produtor hidropónico, o conhecimento temporal dos ciclos das pragas e de doenças que seu o seu ambiente (cultivo protegido) está sujeito a ter, tais informações são mapeadas ao longo de pelo menos três anos de cultivo, fator este que cria experiência ao produtor. Quando falamos do conhecimento das pragas ou das doenças, não podemos também esquecer, que a sua ocorrência esta intimamente ligada ao microclima da estufa, assim, a associação de temperaturas amenas e humidade baixa favorece a incidência de oídio, por outro lado, altas humidades associadas a temperaturas elevadas são condições adequadas para o surgimento de Pectobacterium (ou erwinia). Uma solução com temperaturas acima de 30 C, com biofilme presente (Algas) e plantas susceptíveis são condições que predispõem o ataque de Phytium.

Como podemos notar a inter-relação entre ambiente desfavorável ao cultivo, presença da praga ou da doença e plantas susceptíveis (hospedeiro) é a “beira do precipício”. Esta inter-relação é agronomicamente denominada triângulo da doença e, com o encerramento de todos os vértices o comprometimento da produção é algo real. A monitorização e o controlo destas três variáveis configuram-se como a base que sustenta o MIP e o MID e, a partir de tomadas de decisão quanto à leitura técnica destas informações, o produtor terá maior possibilidade do sucesso na aplicação do controlo biológico.

Uma informação de extrema importância é que há pelo menos 10 anos, algumas empresas vêm desenvolvendo soluções importantes para que o produtor aplique o controlo biológico no campo, com uma eficiência alta ao fazer uso no cultivo em ambiente protegido. Assim, elencamos alguns agentes e as doenças ou pragas que os mesmos controlam abaixo do nível do dano económico (NDE), das quais são: Trichoderma harzianum que controla a Sclerotinia sclerotiorum, o Sclerotium rolfsii, a Rhizoctonia solani, o Fusarium spp., o Phytium spp. e a  Phytophthora infestantes em diversas culturas, tais como o tomate. Além da Beauveria bassiana, agente de controle da Bemisia tabaci e do Tetranychus urticae. Tem-se também o uso de Neoseiulus californicus no controlo de Tetranychus urticae e de Polyphagotarsonemus latus, além do Trichogramma pretiosumpara o controlo da Helicoverpa zea, da Neoleucionodes elegantalis, além da  Tuta absoluta.

Controlo Biológico - Bioponia

Dois agentes biológicos que merecem destaque são: Stratiolaelaps scimitu, que tem como função o controlo de fungus gnats (Bradysia sp. e scatella stagnalis), que configuram pragas que geram elevados prejuízos a produtores hidropónicos e viveiristas  e Bacillus subtilis que é utilizado como agente de controlo de Alternaria dauci, Alternaria porri, Botrytis cinerea, Colletotrichum acutatum, Colletotrichum gloeosporioides, Cryptosporiopsis perennans, Mycosphaerella fijiensis, Pythium ultimum, Sphaerotheca fuliginea e Sphaerotheca macularis, Rhizoctonia solani, Sclerotinia sclerotiorum, Xanthomonas vesicatoria.

Assim, percebe-se neste artigo as inúmeras possibilidades de controlo de pragas e doenças, entretanto cabe ao consumidor final o entendimento conceitual do NDE, que resumidamente é a aceitação da possibilidade de ocorrência de pragas e doenças nas hortaliças, uma vez que a utilização do controlo biológico indica que haverá um equilíbrio entre pragas, doenças e hospedeiros, com a presença de ambos no produto comercial. Mas esta é uma questão mais profunda que podemos debater numa outra ocasião. Com isso, queremos ter alcançando o objetivo deste artigo, que é buscar melhorias e qualidade dos produtos hidropónicos.

Bons cultivos ;)

Gostou deste artigo? Separamos alguns artigos que lhe podem interessar:

.