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Estufas para o cultivo sem solo

Estufas para o cultivo sem solo

Da mesma forma que no cultivo em solo, na hidroponia também a escolha do local e da estufa, requere um estudo prévio. Para que possamos definir uma área, dentro do terreno, a ser construída a estrutura de proteção, devemos ter em mente alguns fatores primordiais para tal escolha.

 Neste caso devemos ter em atenção aos seguintes fatores:

  • Incidência de radiação solar (luz solar);
  • Superfície do solo plana, porém não pode ser considerado como fator altamente limitante para a tomada de decisão na construção do sistema hidropónico;
  • Drenagem eficiente do terreno;
  • Local ventilado, porém sem incidência excessiva de ventos. Entretanto, se forem observados ventos fortes, faz-se o necessário à construção de "quebra-ventos";
  • Estruturas próximas ao domicilio para facilitar um melhor acompanhamento de todo o processo produtivo;
  • Presença indispensável de energia elétrica;
  • Presença de água de qualidade. 


Materiais utilizados para a construção das estruturas e tipos de estufas 

Os materiais utilizados para as estruturas, são aqueles prontamente disponíveis pelo agricultor na sua propriedade ou região, prevalecendo a madeira roliça ou a serrada. Comercialmente, existem empresas especializadas que utilizam estruturas de ferro galvanizado a quente, facilitando consequentemente, o transporte e a sua construção. É importante salientar que a estrutura industrializada de boa qualidade proporciona melhor relação custo benefício do que a construída pelo próprio agricultor, na maioria das vezes.

Uma estrutura de proteção para clima tropical deve possuir características que permitam ventilação e proteção contra chuvas pesadas (ventos fortes, chuva de granizo), além de ser robusta, de baixo custo. Cabe ressaltar que o custo para a montagem do sistema é um fator decisivo. Já para os climas temperados, as estufas tem como papel a manutenção da temperatura durante o inverno.

Existem diferentes modelos de estufas que devem ser utilizados para situações próprias de cada local. Os principais são os seguintes tipos: capela, arco e dente de serra. Para cada um deles tem sido desenvolvidos vários métodos de construção, sistemas de ventilação, fixação e tipos de materiais de cobertura, porém cabe ressaltar que para regiões com temperaturas elevadas, devemos utilizar estruturas com pé-direito acima de 3,5 m de altura 

Materiais utilizados para cobertura

De forma genérica, observamos vários tipos de materiais existentes no mercado, sendo que os mais utilizados para a cobertura de estruturas são o Polietileno de baixa densidade (PEBD); Polietileno de alta densidade (PEAD); Policloreto de Vinila (PVC); Polipropileno (PP); Poliestireno (PS); Etileno Vinil Acetato (EVA); Polietileno Linear (LDPE); Policarbonato (PC) e Poliester (PL).

Fatores que afetam a durabilidade do filme agrícola

Entre os fatores que diminuem o tempo de vida útil ligados à fabricação do filme para a cobertura vegetal destaca-se: o tipo de estrutura (metal ou madeira), desenho da estufa (distância entre arcos, formatos e proteção da superfície de contato com tinta), fixação do filme (pregos, arame, perfil "lock"), clima (intensidade e qualidade de radiação solar, ventos, chuvas, poluição, altas variações de temperatura).

Cuidados a serem tomados durante a aquisição do filme de polietileno 

  • Os aspectos agronômicos de luminosidade dos filmes são da responsabilidade dos fabricantes, devendo, os mesmos, informarem as qualidades técnicas do produto, para que o produtor possa escolher os materiais em função da qualidade da luz transmitida;
  • Se a qualidade do filme não for boa irá reflectir-se no sombreamento, que poderá interferir na produção;
  • O ganho feito na compra de um filme em função do preço baixo será perdido com a necessidade de aumento da adubação, irrigação e cuidados culturais, na tentativa de regularizar a produção;
  • Lavagem do plástico com periodicidade. Atualmente as estufas são montadas com plásticos aditivados com TEFLON, o qual diminui a acumulação de detritos e, consequentemente, minimiza a redução da luminosidade.

Parâmetros a serem observados na escolha da orientação da estufa e efeitos sobre a luminosidade e temperatura 

Os fatores mais importantes para o controlo ambiental, destaca-se a orientação geográfica da estrutura, devendo-se levar em consideração a luminosidade, vento e o tipo de cultura a ser produzida.

Dentro destes, a luminosidade é o fator mais importante, pois dela depende a fotossíntese. Tal fato é muito importante em certas regiões, durante o período de inverno, pois podem apresentar menor comprimento do dia e menor inclinação dos raios solares sobre a terra, variações significativas em produtividade. Em regiões mais frias, o alinhamento mais recomendado é o Norte- Sul, devido o maior aproveitamento da incidência dos raios de menor energia durante a manhã e a tarde. Em cultivos em regiões mais quentes, onde se deseja algum sombreamento durante a maior parte do dia deve-se utilizar o sentido Leste-Oeste. Em se tratando de estruturas geminadas convém analisar o sombreamento causado pelas calhas, pois se o alinhamento for leste-oeste a sombra das mesmas permanecerá constante em uma faixa de cultivo, já no sentido norte-sul a sombra é realizada para toda a área.

A orientação é fator importante também quanto ao controle e eficiência da ventilação, pois dependendo do tipo de estrutura e a posição de suas janelas, será maior ou menor, devendo-se utilizar sempre que possível dos ventos dominantes para favorecer a exaustão.

Cabe ressaltar que a renovação de ar de uma estufa é essencial para o evitar o excessivo aumento da temperatura no seu interior. A ventilação natural é muito estudada por diversos autores, por eliminar cargas térmicas indesejáveis, tirando-se proveito sempre que possível da velocidade do vento e da sua direção. O uso de equipamentos que permitiam 90% de renovação do ar no interior da estufa por hora não foi significativamente diferente do que a ventilação natural, ficando em ambos os casos, uma temperatura média de 3,0 o C acima da temperatura ambiente. 

Em regiões de clima tropical, a relação entre a área destinada à ventilação (entrada e saída de ar) e da área total coberta deva ser maior do que 20%.

A utilização de sombreamento como forma de se diminuir a temperatura no interior da estufa, é outra alternativa para baixar a temperatura.

O grande problema quando se utiliza o sombreamento, principalmente em regiões onde é frequente durante o verão a entrada de frentes frias é o sombreamento excessivo, uma vez que normalmente estas frentes frias podem deixar o céu nublado por mais de três dias, o suficiente para que ocorra o estiolamento das plantas (alongamento das folhas e caules) em cultivos adensados ou retardando o crescimento e quando a frente fria se desloca ou se dissipa, a intensidade luminosa é alta e o calor excessivo, causando stress às plantas. Consequentemente, para se obter o controle ideal entre o sombreamento e a ausência de estiolamento, seria a utilização de uma tela móvel, com sistema de abertura e fechamento tipo cortinas, maximizando as diferentes intensidades luminosas que oscilam durante o desenvolvimento das plantas. Outro fator é a forma de se colocar a tela, que deve de preferência estar acima da estrutura e sem contato direto com o plástico da cobertura, porém tem-se a necessidade de se possuir outra estrutura para fixação da mesma. Quando se coloca a tela por dentro da estrutura a movimentação se torna mais fácil, porém gera-se mais uma fonte de absorção e reflexão de calor, acarretando em aumento de temperatura no interior da estrutura. Recomenda-se utilizar telas de coloração branca ou aluminizadas, associadas a abertura zenital (lanternim).

A variação da humidade relativa do ar em ambiente protegido está em função da ventilação, manuseamento e método de irrigação e da própria humidade do ar fora do ambiente protegido. Os efeitos da humidade do ar nas desordens fisiológicas e em problemas fitossanitários podem ser significativos. A faixa de humidade relativa ideal esta em torno de 60 a 70 %.

Devemos dar ênfase à aquisição de toda esta tecnologia, pois sem um estudo prévio da relação custo / benefício, tais aquisições podem inviabilizar a hidroponia a ser implantada de forma comercial. Cabe ressaltar que todo o estudo de estruturas e métodos eficientes para baixar a temperatura não bastará para se utilizar a hidroponia de forma comercial se não houver uma correlação básica de nutrição mineral de plantas, pois este é outro fator e muito importante e decisivo para a produção de forma viável.

Utilização de quebra-ventos

Nas regiões onde são característicos os ventos fortes, convém projetar a construção de quebra ventos. Utilizam-se árvores (de rápido crescimento e presentes na paisagem da região) ou telas plásticas, porém se se faz necessário observar alguns cuidados na sua implementação, pois quando não respeitados podem aumentar o efeito negativo do vento. De maneira geral devem dar passagem livre do vento até aproximadamente 60 cm acima do solo e 1,5 m acima do vão central da estufa utilizando- se a uma distância de, no mínimo, 10 m da mesma, caso ocorra o sombreamento e estas distâncias não possam ser obedecidas, convém aumentar as alturas, nas mesmas proporções. Quando em situações de terreno inclinado é aconselhável a orientação de um técnico para avaliar a situação e fazer os possíveis cálculos necessários e específicos para determinação da eficiência do quebra vento.

Bons cultivos ;)

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